Funcionária de pedágio foi peça-chave em investigação de feminicídio após acidente forjado em MG, diz Polícia Civil
17/12/2025
(Foto: Reprodução) Vídeo leva Polícia Civil a investigar se acidente que matou mulher na MG-050 foi simulado
A atenção aos detalhes de uma funcionária da praça de pedágio da rodovia MG-050 foi determinante para a reviravolta na investigação da morte de Henay Rosa Gonçalves Amorim, de 31 anos, inicialmente tratada como um acidente de trânsito. A partir da suspeita levantada pela atendente, o caso passou a ser investigado como feminicídio pela Polícia Civil.
O namorado da vítima, o empresário Alison de Araújo Mesquita, de 43 anos, confessou o assassinato e afirmou que provocou a batida para simular a morte de Henay em um acidente. Ele foi detido durante o velório dela e permanece preso. A defesa de Alison, contudo, afirmou que ele não reconhece como verdadeiras as acusações que lhe são atribuídas. Veja a nota completa no fim da reportagem.
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Imagens de uma câmera de pedágio mostraram Henay inconsciente no banco do motorista, enquanto Alison controlava o volante do veículo. A Polícia Civil ainda não explicou como o suspeito conseguiu acelerar o carro enquanto estava no banco do passageiro.
Segundo a Polícia Civil, a funcionária percebeu um comportamento estranho do homem e a condição da mulher no banco do motorista, que permanecia imóvel. As informações e as imagens do pedágio levaram ao acionamento da Polícia Militar (PM) e, depois, ao aprofundamento da apuração.
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Os delegados Flávio Destro e João Marcos afirmaram que a atuação da funcionária foi decisiva para que o caso deixasse de ser tratado como uma morte no trânsito e passasse a ser investigado como feminicídio.
A seguir, a polícia detalha como a suspeita surgiu no pedágio, o caminho das informações até a prisão e o papel da funcionária na virada da investigação.
Comportamento no pedágio chamou atenção da atendente
O suspeito aparece controlando o volante enquanto a vítima está desacordada no banco do motorista
Redes sociais/reprodução
Segundo os delegados Flávio Destro e João Marcos, a funcionária da praça de pedágio estranhou o comportamento do motorista no momento em que o carro passou pelo local. Ele demonstrava nervosismo excessivo, suava muito, falava pouco e parecia apressado para deixar o pedágio.
Além disso, o homem pagou a tarifa e saiu sem pegar o troco, atitude considerada incomum e que reforçou a desconfiança da atendente.
Outro ponto observado pela funcionária foi a condição da mulher que estava no banco do motorista. Ao notar que ela permanecia imóvel, a atendente questionou se estava tudo bem.
Segundo a polícia, o homem respondeu que a namorada estava passando mal. Mesmo assim, a funcionária ofereceu ajuda e sugeriu que ele parasse o carro para atendimento, mas, apesar de indicar que faria isso, o suspeito seguiu viagem.
“A forma como ele agia, o estado da mulher e a pressa em sair levantaram um alerta imediato”, relataram os delegados durante a coletiva.
Relato interno levou ao acionamento da Polícia Militar
Diante da sequência de atitudes consideradas fora do padrão, a funcionária comunicou o caso a um superior, relatando tudo o que havia observado. A partir desse contato, a concessionária ligou para a PM e repassou as informações, além das imagens registradas pelas câmeras do pedágio.
As imagens foram encaminhadas a um policial militar de plantão que, ao analisá-las, também percebeu a gravidade da situação. Mesmo sem haver, naquele momento, uma investigação criminal em curso — já que o caso ainda era tratado como acidente de trânsito —, o militar decidiu aprofundar a apuração.
Do pedágio ao velório da vítima
Infográfico mostra o trajeto do carro, o local do acidente na MG-050, em Itaúna, e o pedágio onde câmeras flagraram a vítima inconsciente antes da colisão
Arte g1
Com o vídeo em mãos, o policial militar foi até o velório de Henay, em Divinópolis. No local, ele procurou um familiar dela — o irmão — e mostrou as imagens registradas no pedágio.
Após assistir ao vídeo, a família passou a desconfiar da versão de que a morte teria ocorrido em um acidente de trânsito e entrou em contato com a Polícia Civil. A partir disso, os investigadores iniciaram o monitoramento do namorado da vítima ainda durante o velório.
Pouco depois, diante dos indícios reunidos, o homem foi detido no próprio velório, o que marcou a virada definitiva do caso.
Reconhecimento da atuação da funcionária
Para o delegado João Marcos, responsável pelas investigações, a atuação da funcionária foi fundamental para que o crime viesse à tona.
“Sim, a gente pode dizer que a participação da assistente do pedágio foi fundamental para o desenrolar dessa investigação. A denúncia partiu dela. A partir disso, as imagens chegaram até a Polícia Militar, depois ao irmão da vítima, e foi isso que permitiu à Polícia Civil começar a monitorar o suspeito ainda no velório”, afirmou.
O delegado Flávio Destro reforçou que, sem a atenção e a iniciativa da funcionária, o caso poderia ter permanecido registrado apenas como mais uma morte causada por acidente de trânsito, sem o aprofundamento da apuração.
Investigação segue em andamento
A Polícia Civil segue com as investigações para esclarecer onde e quando ocorreram as agressões — se ainda em Belo Horizonte ou durante o trajeto pela rodovia. Exames periciais complementares seguem em andamento e serão fundamentais para a conclusão do inquérito. O caso é tratado como possível feminicídio, e o suspeito permanece à disposição da Justiça.
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O que diz a defesa de Alison
Em nota, a defesa de Alison, representada pelo advogado Michael Guilhermino, informou que o investigado irá colaborar integralmente com as investigações. O advogado afirmou que Alison não reconhece como verdadeiras as acusações que lhe são atribuídas.
A defesa disse ainda que aguarda a conclusão das oitivas e o resultado do laudo de necropsia para, no momento oportuno, apresentar esclarecimentos à Justiça e sustentar que a morte de Henay decorreu de um trágico acidente de trânsito.
Henay Rosa Gonçalves Amorim teria morrido após batida na MG-050, em Itaúna; vídeo de pedágio embasa investigação da Polícia Civil sobre possível feminicídio
g1
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